Blog Post

Psicopedagogia em FOCO
Por Maria Carolina Lolli

Habilidades Psicomotoras e TEA 

Estimulação Psicomotora no Transtorno do Espectro Autista

As crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) apresentam habilidades psicomotoras prejudicadas. Percebemos prejuízos no controle postural, na coordenação motora ampla, observamos déficits na marcha e também em habilidades motoras finas. No entanto, elas podem ser superadas, apesar de suas causas estarem associadas às diferenças neurológicas e dificuldades no processamento sensorial atípico.


É importante observar as crianças com dificuldade para andar, manipular objetos, pintar, escrever, balançar, pular, manter a postura, imitar os movimentos de outras pessoas, sejam elas leves ou graves. As dificuldades motoras podem ter efeitos no desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças. Isso porque habilidades, como sentar-se, pegar objetos e andar, permitem aprender novas experiências que estimulam o aprendizado. 

Além disso, bebês que não se movem muito ou não agarram objetos tendem a ter menos interações com seus cuidadores, limitando as oportunidades de desenvolver a linguagem e outras habilidades. Assim, é fundamental saber que habilidades psicomotoras comprometidas impedem a participação das crianças em atividades básicas do nosso dia a dia e, assim, podem prejudicar inclusive a aprendizagem. Isso porque, o comprometimento das habilidades psicomotoras nos transtornos do espectro autista afetam o desenvolvimento emocional, cognitivo e motor. Vale ressaltar que trabalhar as habilidades psicomotoras além de inúmeros benefícios, ajuda na construção da noção espacial, temporal, na interação da criança com o seu ambiente e com o outro.


Não canso de comentar que cada criança é única, e as estratégias devem sempre ser estabelecidas de acordo com as necessidades, as potencialidades e as demandas de cada uma. O objetivo ao se propor o trabalho de estimulação psicomotora é garantir que os pequenos possam se apropriar de seu esquema corporal, tomando consciência de seu corpo, para então estabelecer relações com o meio e os estímulos oferecidos a eles.


Pular, rolar, correr, atividades e brincadeiras infantis que dão prazer às crianças devem ser estimuladas para que ela possa criar uma percepção dos limites do seu corpo. Já atividades que desenvolvem a coordenação motora fina como: recortar, colar, pintar, pegar objetos pequenos, amassar papeis, etc., são essenciais para a aprendizagem escolar, principalmente para a escrita.


Estimular o contato visual, usar mudanças na tonalidade de voz para fazer comandos, oferecer brinquedos diferentes e apropriados considerando as particularidades e possíveis hipersensibilidades da criança diagnosticada com TEA, também são estratégias fundamentais. Além disso, o trabalho multidisciplinar é fundamental para seu desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo. Médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros, são profissionais especializados que trabalham em sintonia para que a criança com autismo possa desenvolver suas habilidades comprometidas pelo TEA.


Quanto mais as habilidades psicomotoras forem estimuladas, mais a criança diagnosticada com TEA poderá ter autonomia em suas atividades diárias, em casa, na escola e nos ambientes que frequenta. É muito importante desenvolver estratégias que envolvem a psicomotricidade para melhorar as habilidades psicomotoras das crianças. Pois, isso irá repercutir de maneira muito positiva em todo o seu desenvolvimento. A estimulação psicomotora no TEA é uma tarefa complexa e deve ser sempre realizada por profissionais especializados. No entanto, os educadores e cuidadores podem realizar atividades que estimulem essas habilidades, para ajudar a criança a atingir autonomia sobre seu corpo:


  • Procurar objetos escondidos em massinha, areia ou argila.
  • Colocar os lanches em sacos de papel ou outros recipientes que permitam à criança manipular os fechos.
  • Usar brinquedo de apertar, blocos de construção ou objetos que possam separar e juntar por semelhança.
  • Colocar tiras de Velcro nas peças de trás dos quebra-cabeças para criar uma resistência ao puxar.
  • Usar prendedores de roupa ou pinças para pegar pequenos objetos.
  • Usar uma garrafa de apertar para regar as plantas.
  • Colocar moedas em um cofrinho.
  • Escrever e desenhar na argila, areia ou massinha.
  • Usar giz de cera quebrado para facilitar a pegada do lápis.
  • Recortar imagens de revistas e fazer colagens. 


As crianças com Transtorno do Espectro Autista podem precisar de um tempo maior para que se adaptem à novas situações e para aceitar mudanças em sua rotina. Desta forma, as habilidades motoras finas podem ser desafiadoras, deixando-as sobrecarregadas.  No entanto, a exposição contínua e os diferentes desafios das atividades, a persistência e o cumprimento das tarefas podem deixar as crianças ainda mais dispostas a participar de atividades que promovam o desenvolvimento motor. 


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Os NEURÔNIOS são células que desempenham as funções relacionadas ao sistema nervoso. No cérebro, existem milhões de neurônios. Estudos indicam que nascemos com cerca de 80 milhões. No entanto, conforme crescemos, esse número diminui. Você acredita que aos 80 anos, teremos perdido 30% de nossos neurônios? É verdade! Ao longo da vida, perdemos e regeneramos neurônios constantemente. Neurogênese é o processo de formação, migração e diferenciação de novos neurônios. Este é um conceito que vem sendo debatido há muito tempo, pois cientistas acreditavam ser impossível a neurogênese em adultos. Mas, estudos científicos mostram que neurônios são formados todos os dias em locais específicos do nosso cérebro, ao longo de toda a vida do indivíduo. É importante saber que alguns hábitos podem causar a deterioração neuronal e, portanto, a deterioração cognitiva: beber, fumar, não comer nem dormir bem, ou se manter muito estressado, fazem com que os neurônios se deteriorem mais rapidamente. Você já ouviu a expressão: "deveríamos usar a mente para não atrofiá-la"? Por que devemos manter a mente ativa? As células cerebrais ativas recebem mais quantidade de sangue . As zonas mais ativas do cérebro usam mais energia e, portanto, precisam de mais oxigênio e glicose. Então, estas áreas recebem mais sangue com o propósito de satisfazer a necessidade de neurônios ativos. A medida que você ativa seu cérebro, o sangue flui para as células cerebrais funcionais. Imagens de ressonâncias magnéticas nos auxiliam a entender como o sangue flui no cérebro: Elas mostraram que as células cerebrais dependem muito de oxigênio. Quanto mais usamos o cérebro e o ativamos, mais suprimento de sangue ele recebe. Por outro lado, uma célula cerebral inativa recebe cada vez menos sangue e acaba morrendo. O cérebro precisa de oxigênio, como você já sabe! Sozinho, esse órgão consome 20% da oxigenação fornecida ao corpo todo. O fluxo sanguíneo também é alto no cérebro, podendo chegar a 15% do total. Então, o exercício ajuda a manter as necessidades do cérebro em dia e pode até aumentar o envio de nutrientes para as células desse órgão tão importante. As células cerebrais ativas têm mais conexões com outras células cerebrais. Cada célula cerebral está conectada com outros neurônios e são capazes de propagar rápidos impulsos elétricos. As células cerebrais ativas tendem a produzir dendritos, que são como braços pequenos que se estendem para conectar-se com outras células. Uma única célula pode ter até 30.000 conexões. Como resultado, se converte em parte de uma rede neuronal altamente ativa. Quanto maior seja a rede neuronal da célula, mais possibilidades terá de se ativar e sobreviver. As células cerebrais ativas produzem mais substâncias de "manutenção". O Fator de Crescimento Neuronal (FCN) é uma proteína produzida em nosso organismo. Esta proteína se liga aos neurônios, para torná-los ativos, diferenciados, e reativos. Quantas mais vezes você desafiar e exercitar seu cérebro, mais FCN é produzido. As células cerebrais ativas estimulam a migração das células benéficas do tronco cerebral. Estudos recentes demonstraram que as novas células cerebrais são geradas em uma zona específica do cérebro, chamada hipocampo. Essas células cerebrais podem migrar para as áreas cerebrais nas quais são necessárias. Por exemplo, as células migrariam para uma área determinada depois de uma lesão cerebral. Essas células migratórias são capazes de imitar as ações das células circundantes, permitindo a restauração parcial da área prejudicada. O cérebro é um órgão complexo, não é mesmo? Ele coordena nossas funções motoras, processa emoções, determina comportamentos e reúne a percepção que temos do mundo para formar nossas memórias. Por estar ligado ao corpo todo, a saúde e longevidade desse órgão dependem do nosso estilo de vida. Manter a mente ativa, então, está intimamente relacionado ao estilo de vida que escolhemos ter.
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