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Psicopedagogia em FOCO
Por Maria Carolina Lolli

O Princípio Alfabético e suas relações com o processo de alfabetização eficiente 

A alfabetização deve ser encarada como um processo, logo, para essa construção ser bem-feita, é preciso que suas bases sejam bem estruturadas.

 Quando o assunto é alfabetização, não podemos nos esquecer do princípio alfabético. Trata-se de uma das habilidades básicas que compõe o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, sendo de extrema importância para que o desenvolvimento destas habilidades seja satisfatório.

Outro ponto importante que devemos destacar é que o processo de alfabetização requer habilidades essenciais, sem as quais, todo o desenvolvimento fica prejudicado. O fato é que quando o assunto é o desenvolvimento de habilidades essenciais para o processo de alfabetização, devemos estar bem atentos porque elas são as mesmas em todas as crianças, sejam elas típicas ou atípicas, o que torna esses pré-requisitos indispensável em qualquer situação de alfabetização.



O QUE É PRINCÍPIO ALFABÉTICO?

O princípio alfabético é uma habilidade essencial para que o processo de alfabetização aconteça de maneira mais eficiente. Ele envolve tanto o reconhecimento visual das letras quanto a percepção sonora das mesmas. Portanto, o termo “princípio alfabético” é utilizado para destacar a importância de não só conhecermos as letras, como também os princípios que definem o seu uso. É conhecer o nome da letra, sua grafia e o som que a letra representa quando a falamos.

A particularidade do princípio alfabético é que as consoantes e as vogais são representadas separadamente. Isto exige a capacidade mental de conseguirmos separar as consoantes das vogais. Uma operação que não conseguimos realizar fisicamente quando falamos já que, ao pronunciarmos uma consoante, produzimos simultaneamente a vogal que se lhe segue. Quem não sabe ler e escrever no sistema alfabético, não faz essa distinção. Só faz essa distinção quem aprende a ler e escrever utilizando um alfabeto.



A importância da compreensão do princípio alfabético 

Aprender a usar o princípio alfabético implica aprender:

  a) nomes e sons de letras ou grupos de letras (grafemas);

  b) a detectar, identificar e isolar os fonemas que constituem as palavras – tomar consciência dos fonemas;

  c) a estabelecer associações entre grafemas e fonemas numa sequência ortográfica.


Estes três tipos de conhecimento são adquiridos e desenvolvem-se em estreita interação, influenciando-se reciprocamente. Conhecer as letras ajuda a identificar os fonemas que formam as palavras; por sua vez, tomar consciência dos fonemas ajuda a reter o som das letras e a compreender o seu papel na representação escrita de palavras, canalizando a atenção da criança para os detalhes e para a combinação de letras numa palavra. Por isso, cada um desses conhecimentos tem uma função que é necessária para a aprendizagem da decodificação e da codificação, mecanismos indispensáveis para aprender a ler num sistema alfabético. 

Além destes conhecimentos, o uso do princípio alfabético depende também da capacidade de memória de trabalho. A razão: a transformação de uma sequência de letras num padrão fonológico (que é uma palavra, na maior parte dos casos) e, vice-versa, a codificação de uma sequência fonológica em escrita exigem a manutenção da cadeia de fonemas que a criança vai convertendo e juntando numa memória ativa até pronunciar ou até escrever a palavra.

Por onde começar?

O ensino do princípio alfabético começa com as vogais (a, e, i, o, u), pois o nome da letra é igual ao som que a letra emite quando é pronunciada. Portanto, deve-se trabalhar a escrita, o nome e o som da letra.

Outro ponto importante é relacionar as letras com nomes de objetos e/ou seres, por exemplo, nomes de animais que começam com a letra “a” – arara, abelha, avestruz, águia, anta, e fazer a relação do nome desse animal com a imagem dele, deixando o aprendizado ainda mais interessante e enriquecedor para a criança. Além disso, é importante que sejam feitas revisões com a criança para trabalhar a memória de longo prazo, além de trabalhar a habilidade de comparação dos sons e escritas das letras.

Posteriormente, apresentamos aos aprendentes as consoantes, fazendo a mesma estruturação e didática que usamos no ensino das vogais.

Também podemos usar as metodologias ativas, como jogos para a melhor internalização da habilidade. Por exemplo, podemos usar cartas que tenham as letras escritas em suas 4 formas, a imagem de algum animal que o nome comece com a respectiva letra e o nome dele escrito abaixo. Então, cada vez que você fizer o som de uma letra, a criança deve pegar a carta com a letra correspondente ao som emitido.

Para ensinar a correspondência de sons de letras, é importante trabalhar com alguns sons por vez, ensinando cada letra do alfabeto e seu som correspondente. Para cada relação letra-som, a instrução deve incluir nomear a letra ou letras que representam o som e deve associar uma sugestão de imagem de um objeto com o som alvo para ajudar os alunos a lembrar a relação entre a letra e o som.



Que tarefas os alunos devem ser capazes de demonstrar para indicar o domínio dessa habilidade?

Que tarefas os alunos devem ser capazes de demonstrar para indicar o domínio dessa habilidade?

  • Conhecimento do alfabeto
  • Ordem
  • Número de letras
  • Distinguir entre vogais e consoantes
  • Reconhecimento de letras
  • Letras maiúsculas e minúsculas
  • Letras em fontes diferentes
  • Escreva letras maiúsculas e minúsculas
  • Nome da letra / associação de som da letra




ATIVIDADES DIVERTIDAS COM O PRINCÍPIO ALFABÉTICO

ENSINE ÀS CRIANÇAS AS LETRAS EM SEU NOME

Começar com atividades de nomes faz muito sentido! Por um lado, a maioria das crianças já está familiarizada com a aparência de seu nome, o que lhe dá um bom ponto de partida. Também faz sentido começar com atividades de nomes no início do trabalho de alfabetização! Você pode começar apenas identificando e nomeando as letras. Uma vez que o domínio do nome da letra é aparente, você pode passar para os sons que cada letra faz. A boa notícia é que a maioria das letras dos nomes está intimamente relacionada a seus sons. Isso ajuda a tornar o princípio alfabético.


CONSTRUINDO PALAVRAS

Usando letras recortadas, pode ser em folha de sulfite mesmo ou para usar mais vezes as letras em papelão. Faça uma palavra de três letras no chão ou em cima de uma mesa, você pode começar com a palavra ‘SOL’ por exemplo. Peça para que a criança leia a palavra e a use em uma frase. Depois mude uma letra para formar uma nova palavra, como ‘SOLA’. Você pode começar adicionando apenas a letra final e depois mudando ela (SOL – SOLA – SOLO). Em seguida, mude apenas a letra inicial (COLA – COLO). Finalmente, mude apenas a letra do meio (CELA).


CAÇA ÀS PALAVRAS

Escolha uma letra e faça a criança procurar cinco itens que começam com o som dessa letra. À medida que cada objeto é encontrado, ajude o aprendente a escrever a palavra em uma lista. Por exemplo, se o som-alvo for ‘M’, a criança pode encontrar e escrever MAMÃO, MAÇÃ, MÃE e MICRO-ONDAS.


É muito importante lembrar que quando os alunos entendem o princípio alfabético e são capazes de aplicar o que sabem sobre correspondência letra-som para traduzir letras impressas e combinações de letras nos sons que fazem, eles são capazes de ler com precisão um vasto número de palavras, incluindo palavras que nunca encontraram em texto.


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Os NEURÔNIOS são células que desempenham as funções relacionadas ao sistema nervoso. No cérebro, existem milhões de neurônios. Estudos indicam que nascemos com cerca de 80 milhões. No entanto, conforme crescemos, esse número diminui. Você acredita que aos 80 anos, teremos perdido 30% de nossos neurônios? É verdade! Ao longo da vida, perdemos e regeneramos neurônios constantemente. Neurogênese é o processo de formação, migração e diferenciação de novos neurônios. Este é um conceito que vem sendo debatido há muito tempo, pois cientistas acreditavam ser impossível a neurogênese em adultos. Mas, estudos científicos mostram que neurônios são formados todos os dias em locais específicos do nosso cérebro, ao longo de toda a vida do indivíduo. É importante saber que alguns hábitos podem causar a deterioração neuronal e, portanto, a deterioração cognitiva: beber, fumar, não comer nem dormir bem, ou se manter muito estressado, fazem com que os neurônios se deteriorem mais rapidamente. Você já ouviu a expressão: "deveríamos usar a mente para não atrofiá-la"? Por que devemos manter a mente ativa? As células cerebrais ativas recebem mais quantidade de sangue . As zonas mais ativas do cérebro usam mais energia e, portanto, precisam de mais oxigênio e glicose. Então, estas áreas recebem mais sangue com o propósito de satisfazer a necessidade de neurônios ativos. A medida que você ativa seu cérebro, o sangue flui para as células cerebrais funcionais. Imagens de ressonâncias magnéticas nos auxiliam a entender como o sangue flui no cérebro: Elas mostraram que as células cerebrais dependem muito de oxigênio. Quanto mais usamos o cérebro e o ativamos, mais suprimento de sangue ele recebe. Por outro lado, uma célula cerebral inativa recebe cada vez menos sangue e acaba morrendo. O cérebro precisa de oxigênio, como você já sabe! Sozinho, esse órgão consome 20% da oxigenação fornecida ao corpo todo. O fluxo sanguíneo também é alto no cérebro, podendo chegar a 15% do total. Então, o exercício ajuda a manter as necessidades do cérebro em dia e pode até aumentar o envio de nutrientes para as células desse órgão tão importante. As células cerebrais ativas têm mais conexões com outras células cerebrais. Cada célula cerebral está conectada com outros neurônios e são capazes de propagar rápidos impulsos elétricos. As células cerebrais ativas tendem a produzir dendritos, que são como braços pequenos que se estendem para conectar-se com outras células. Uma única célula pode ter até 30.000 conexões. Como resultado, se converte em parte de uma rede neuronal altamente ativa. Quanto maior seja a rede neuronal da célula, mais possibilidades terá de se ativar e sobreviver. As células cerebrais ativas produzem mais substâncias de "manutenção". O Fator de Crescimento Neuronal (FCN) é uma proteína produzida em nosso organismo. Esta proteína se liga aos neurônios, para torná-los ativos, diferenciados, e reativos. Quantas mais vezes você desafiar e exercitar seu cérebro, mais FCN é produzido. As células cerebrais ativas estimulam a migração das células benéficas do tronco cerebral. Estudos recentes demonstraram que as novas células cerebrais são geradas em uma zona específica do cérebro, chamada hipocampo. Essas células cerebrais podem migrar para as áreas cerebrais nas quais são necessárias. Por exemplo, as células migrariam para uma área determinada depois de uma lesão cerebral. Essas células migratórias são capazes de imitar as ações das células circundantes, permitindo a restauração parcial da área prejudicada. O cérebro é um órgão complexo, não é mesmo? Ele coordena nossas funções motoras, processa emoções, determina comportamentos e reúne a percepção que temos do mundo para formar nossas memórias. Por estar ligado ao corpo todo, a saúde e longevidade desse órgão dependem do nosso estilo de vida. Manter a mente ativa, então, está intimamente relacionado ao estilo de vida que escolhemos ter.
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