Blog Post

Psicopedagogia em FOCO
Por Maria Carolina Lolli

Birras... 

Crianças que fazem birras... Tem solução?

Quem tem criança em casa, precisa concordar que não é fácil lidar com as birras, mas infelizmente é inevitável em inúmeras situações, já que faz parte do desenvolvimento infantil. Um exemplo bem clássico é a situação em que a criança recebe um sonoro NÃO de um adulto, e apresentam inúmeras reações para demonstrar seu descontentamento: choram, esperneiam, gritam, jogam objetos, se jogam no chão, batem, mordem, etc.

Entre os 2 e os 4 anos de idade, os pequenos tendem a testar os limites dos adultos e tudo piora quando são contrariados. Preciso dizer que a fase das birras depende muito do tipo de educação dada pela família e também da personalidade de cada criança. Por esta razão, não podemos generalizar: crianças são diferentes, mesmo dentro da própria família e podem ter reações variadas. Tudo isso acontece porque nesta fase dos 2 aos 4 anos, a criança ainda não consegue lidar com a sensação de ser contrariada. Em outras palavras, acontece porque ainda ela não desenvolveu maturidade suficiente para lidar com uma determinada frustração e acaba extravasando este sentimento de maneira descontrolada. Assim, a birra pode ser apenas um pedido de socorro inconsciente para aprender a lidar com um sentimento novo: a frustração. No entanto, em algumas situações, os pequenos querem mesmo é testar o limite dos pais para descobrir até onde podem chegar. Vale mencionar que as birras podem começar aos 6 meses de idade e evoluírem até a adolescência, se o indivíduo não aprendeu a lidar com frustações e se não for colocado um certo limite.

Uma boa notícia para as famílias que convivem as birras infantis é que isso pode ser evitado. O “ataque” começa bem antes do choro e de toda a cascata de reações que acontecem em conjunto. É preciso estar atendo, avaliar e entender as necessidades básicas da criança. Por exemplo, ela pode não estar familiarizada com o ambiente, estar em um lugar estranho, cheio de pessoas desconhecidas, pode estar com sono, cansada, com fome, pode ficar nervosa por não conseguir entender que seu pedido não convém ser realizado. É importante ressaltar que aos primeiros sinais de desconforto, é preciso saber negociar, ter paciência e persistência – levando em consideração a idade da criança. Desviar o foco também pode ser uma ótima alternativa. Em uma crise, como a criança está nervosa, evite conversar muito. É melhor falar menos e agir mais. Até os 5 anos, as crianças não conseguem manter a concentração nas palavras por mais de 30 segundos.

Costumo dizer que a criança necessita de uma rotina preestabelecida, precisa saber o que vai acontecer - por receio do que é novo e desconhecido, e ainda precisa estar ciente sobre o que pode e não pode fazer. Estes costumes que também valem para atividades corriqueiras como tomar banho, jantar, ir para a escola, transmitem segurança e afeto. No entanto, para isso acontecer, todos os membros da família precisam de disciplina para se organizar. Além de organização, é necessário bom senso para facilitar o cumprimento das regras. Por exemplo, se você quer que seu filho sempre se comporte em um lugar público, não vai deixá-lo horas sentado em um restaurante cheio ou esperar que ele fique calminho em uma fila de banco, não é? Lembre-se que se você ceder, só ensinará que espernear é um jeito de conseguir tudo o que ele quer.

Então o que devemos fazer em situações de birra? Em primeiro lugar, o adulto deve dar o exemplo, mostrando que está controlado e tentar desvendar o que está acontecendo ou qual é o real motivo da insatisfação. É preciso também ter em mente que nem sempre será possível estabelecer uma conversa produtiva nessa hora de nervosismo da criança. Por isso, deixe-a “fazer a birra”, não fale muito – mesmo porque ela não escutará nada mesmo - espere o nervoso passar, lembrando-se de protegê-la para que não se machuque e quando ela estiver mais calma, aí sim, converse sobre o que aconteceu. Diga que você entendeu a frustração, e ajude a colocar os sentimentos em palavras, dizendo algo como: "Você estava muito bravo porque sua comida não era como você queria". Deixe a criança perceber que, se ela usar palavras para se expressar, vai conseguir resultados melhores. Diga, por exemplo, com um sorriso: "Desculpe por não ter entendido. Agora que você não está mais gritando, consigo saber o que você quer".


Como o grande objetivo da birra está relacionado ao fato de chamar atenção, quando a criança ficar birrenta evite que todo mundo fique em cima (a atenção de pai e mãe vale ouro pra criança). Leve-a para um local reservado, monitorando-a sempre. É importante dar carinho e apoio para o entendimento do seu comportamento e acima de tudo, valorizar o bom comportamento da criança.

Achou interessante? Compartilhe com seus amigos!

Por Maria Carolina 23 abr., 2024
Estereotipias são comportamentos repetitivos que acontecem no transtorno do espectro autista. Neste Post, explicamos um pouco melhor sobre esse assunto.
Por Maria Carolina 05 mar., 2024
A consciência fonológica é uma habilidade metacognitiva fundamental para o processo de alfabetização.
18 jul., 2023
A alfabetização deve ser encarada como um processo, logo, para essa construção ser bem-feita, é preciso que suas bases sejam bem estruturadas.
Por Maria Carolina 25 abr., 2023
Estimulação Psicomotora no Transtorno do Espectro Autista
educação infantil
Por Maria Carolina Lolli 21 fev., 2022
A consciência fonológica é uma habilidade metacognitiva fundamental para os processos de leitura e de escrita que deve ser estimulada desde muito cedo! Na educação infantil, como as crianças estão em pleno desenvolvimento cognitivo, ferramentas de consciência fonológica podem ser utilizadas para garantir o desenvolvimento integral dos pequenos!
Por Maria Carolina Lolli 03 fev., 2022
Alfabetizar é uma arte que exige responsabilidade!
Mais artigos...
Share by: